As lesões reabsortivas, previamente conhecidas como lesões de reabsorção odontoclástica felina, ganharam essa nova nomenclatura por conta da presença das lesões nos cães.
O que é a lesão reabsortiva?
A lesão reabsortiva é uma lesão parecida com a cárie. Assim como a cárie, ela também destrói o tecido do dente. Porém, a cárie é causada por uma bactéria e não é tão frequente entre os animais.
O odontoclasto é estimulado a destruir e reabsorver o próprio dente. É um processo que acontece de forma fisiológica ou natural dos dentes de leite. Os odontoclastos recebem uma “mensagem” para destruir a raiz do dente de leite para que o dente permanente que está logo embaixo possa nascer.
A lesão reabsortiva é um tipo de lesão autoimune, sendo desenvolvida por alguns animais.
A lesão é relacionada a cada dente individualmente. Existem dentes que possuem duas raízes, por exemplo.
A destruição pode ser localizada tanto na região das raízes quanto na região da coroa ou dependendo do estágio, pode também estar em todas as regiões.
O mais comum é que aconteça na região das raízes e muitas vezes não percebemos essa lesão progredindo.
O que o organismo faz quando a lesão destrói parte do dente?
O organismo tenta cobrir a área destruída com a gengiva, fazendo a gengiva crescer em uma área com a cavidade na tentativa de proteger a região. Porém, acaba não tendo muito sucesso já que o animal continua sentindo muita dor.
Por ser uma destruição que vai em direção ao canal do dente, a área vermelha dentro do dente onde passa os nervos, vasos, e o animal acaba sentindo muita dor quando este canal é atingido pela lesão.
A destruição atinge o canal e a sensibilidade pode levar o animal a ter dificuldade para comer, ter tremores na mandíbula ou até pegar a comida e soltar.
Como podemos ver que o dente está com uma lesão? E o que elas causam?
Quando abrimos a boca do nosso pet e vemos a coroa dentária, o dente aparenta ter levado mordidas e fica bastante fragilizado. Os dentes acabam caindo, porém, mesmo depois da queda a raiz que estava fragilizada continua dentro do alvéolo na região do osso e acaba causando um processo infeccioso e inflamatório, o dente fica mais fraco e a dor aumenta por acabar atingindo o nervo.
Como fazemos para diferenciar e saber o que está acontecendo na raiz?
É preciso fazer uma radiografia para que durante a radiografia determinarmos se existe alguma lesão neste dente ou em outros dentes.
E caso a lesão esteja na boca, como que fazemos para perceber no pet?
Caso a gengiva em volta do dente esteja crescida e bastante vermelha pode ser que esteja relacionada a lesão reabsortiva, durante o processo de destruição e reabsorção do organismo é criada mais gengivas para preencher a cavidade do buraco, apesar de acabar não adiantando e o animal continuar sentindo dor.
Por isso muitas vezes é chamado de Neck Lesions, por ser uma lesão bastante visível em volta do colarinho.
Como saber se algum outro dente também está com a mesma lesão?
A radiografia do paciente precisa ser uma radiografia odontológica diferente da radiografia de crânio, onde vemos todas as estruturas da cabeça que muitas vezes estão sobrepostas e acabam não sendo detalhistas para mostrar as raízes. Desta forma, acabamos precisando de radiografias odontológicas e tratamentos dentários para assim poder diagnosticar os problemas.
Lembrando que o dente precisa ser extraído já que essa lesão não melhora, pelo contrário ela progride cada vez mais.
Pode fazer restauração e preencher a área que está destruída?
Antigamente eram feitas restaurações assim como é feita com a cárie, porém na lesão reabsortiva é diferente, existe o estímulo do organismo para destruição do dente. Quando a cárie é retirada a bactéria não existe mais, diferente da lesão reabsortiva onde o estímulo orgânico permanece e o dente continua sendo reabsorvido mesmo com a restauração.
Quando o dente era restaurado o processo de destruição continuava por baixo e o animal continuava sentindo muita dor, fazendo com que todos os dentes com a lesão precisavam ser extraídos independente do grau da lesão.
Para extrair o dente é importante que tenhamos cuidado, pois se trata de um dente fraco que pode quebrar facilmente tanto durante a extração como em casa pelo fato das raízes estarem mais fracas. Assim, quando for feita a extração, é preciso uma nova radiografia para ter a certeza de que não exista nenhum fragmento de raiz, e assim determinar que o osso esteja saudável e que não tenha nenhum remanescente radicular.